Seria a Hertz a nova Blockbuster?
Uma matéria publicada no final de 2019 no portal Terra anuncia o que muita gente já sabia: que o Uber e outros aplicativos de mobilidade “drenaram” o lucro das montadoras de veículos no Brasil. Com uma proposta inovadora potencializada pelo desemprego em alta, o Uber e outros aplicativos de mobilidade viraram a melhor, e em muitos casos a única, alternativa de trabalho para muitos brasileiros.
As locadoras de veículos não tardaram a enxergar uma oportunidade: alugar carros para um enorme contingente de desempregados em busca de alternativa. Hoje, estima-se que mais de 50% dos motoristas de aplicativo não são donos do veículo que dirigem. Para as montadoras de carros, inicialmente, pode ter sido positivo vender mais carros para as locadoras, só que esta conta não fechou pois, ao mesmo tempo em que aumentam as vendas para as locadoras, diminuem as vendas para pessoas físicas e o lucro se reduz. Afinal, as locadoras têm mais poder de negociação do que motoristas individualmente.
Criou-se uma situação curiosa: montadoras incomodadas com a redução das margens e, ao mesmo tempo, sem poder perder as locadoras como clientes, uma vez que as vendas diretas significam já perto de 50% do total de vendas do setor. Por outro lado, também cresce a pressão dos consumidores por soluções que venham ao encontro de um novo modelo de consumo que, cada vez mais, substitui a posse dos bens pelo acesso a eles, o que muitos têm chamado inclusive de “uberização” do mercado.
É importante perceber todos os aspectos por trás deste movimento. Temos um lado negativo, caracterizado pela precariedade das relações de trabalho e pela escassez de recursos, que forçam motoristas a optar pelo aluguel por não ter condições de desembolsar a quantia necessária para comprar um carro. Por outro lado, podemos enxergar uma maior flexibilidade da oferta ao consumidor e a possibilidade de não ficar preso nas escolhas, pois é possível que aquele carro perfeito pra você HOJE deixe de ser a melhor escolha rapidamente caso, por exemplo, a sua família cresça ou você mude de atividade profissional. Esta mesma flexibilidade já está sendo percebida com força no mercado imobiliário, na opção de muitas pessoas pelo aluguel, mesmo tendo condições de assumir a compra de um imóvel. Empresas como a Vitacon e a Housi já têm o entendimento de que a escolha de um imóvel, assim como a de um carro, é o reflexo de um momento de vida. Assim, mudanças na vida (que são cada vez mais frequentes nestes tempos) mudam as nossas escolhas de consumo, e a liberdade de escolha é ouro!
Isto posto, parece ser apenas uma questão de tempo para que as gigantes da indústria automotiva abocanhem uma parcela da oportunidade que caiu no colo das locadoras. A partir do momento em que a primeira montadora começar a oferecer aluguel dos seus carros ao consumidor, num modelo de assinatura mensal que Volvo e Toyota já estão oferecendo fora do Brasil, outras irão atrás, e este movimento pode talvez até quebrar algumas grandes locadoras que não saibam costurar alianças estratégicas. Nossa aposta é de que as locadoras podem seguir o caminho de todos os “agenciadores” na nova economia. Assim como o Netflix e outros serviços de streaming acabaram com as locadoras de filmes e o AirBnb acabou com alguns hotéis e imobiliárias, o consumidor elimina o intermediário e, com o apoio da tecnologia, vai direto à fonte.
Uma reportagem publicada na Exame destaca as dificuldades que serão enfrentadas pelas montadoras que venham a se aventurar no negócio de locação, como a manutenção da frota e a gestão de furtos e fraudes. Parece-nos que as grandes montadoras, com suas redes de concessionárias e oficinas pulverizadas por todo o País, estão bem aparelhadas para lidar com a manutenção, assim como com outra questão colateral que é a venda dos ativos seminovos (que é para as locadoras um negócio tão importante quanto a locação em si). O fato é que quem se beneficia com esta disputa de gigantes é, sem dúvida, o consumidor.
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JOSÉ LUIS STRÖHER
Diretor de criação e produção gráfica, responde pelas áreas de comunicação no ponto de venda e branding da CDA.
MIGUEL CASAGRANDE
Diretor comercial e ombudsman da empresa, é o responsável pela filosofia de atendimento e estratégia da CDA.
Os artigos apresentados e assinados não refletem necessariamente a opinião da CDA Design, mas demonstram a diversidade de ideias que respeitosamente defendemos.